Prefeito Roberto Cláudio foi à Câmara e se deparou com um protesto contra as obras no Cocó. Houve tumulto. Após reunião com o grupo, RC diz que a obra vai continuar e manifestantes descartam deixar o local
Bate-boca no plenário, interrupção de pronunciamento, vaias, provocações, faixas na galeria e vereadores exaltados. A polêmica sobre a construção de viadutos no Cocó provocou dia tenso e tumultuado na retomada dos trabalhos na Câmara Municipal. Um pequeno grupo de manifestantes aproveitou a presença do prefeito Roberto Cláudio (PSB) para protestar contra a obra. No fim, mesmo depois de reunião entre prefeito e integrantes do grupo, não houve acordo e a contenda continua. “Estou convicto de que a obra reúne todas as condições favoráveis de legalidade, tecnicidade e apoio público e vou continuar a obra”, disse Roberto Cláudio, durante a reunião com representantes do movimento que há dias está acampado no Cocó.
O prefeito disse ainda que os militantes estão “poluídos pela desinformação e por meias verdades”. Os manifestantes, por outro lado, terminaram a reunião chamando o prefeito de “assassino do Cocó”. A cena ao fim da reunião serviu para ilustrar o que havia ocorrido na Casa ao longo do dia. Logo na chegada, Roberto Cláudio foi vaiado pelo grupo de cerca de 15 manifestantes, que protestaram com faixas e cartazes. Ao se dirigir à tribuna para ler os projetos prioritários do Executivo, o grupo ocupou a galeria da Câmara.
Logo que o prefeito começou a falar, os vereadores Capitão Wagner (PR), João Alfredo (Psol) e Toinha Rocha (Psol) se levantaram segurando um cartaz que dizia “salve o Cocó” e ficaram de pé por vários minutos. O discurso de RC já estava próximo do fim quando a estudante Sofia Ximenes entrou no plenário aos gritos contra o prefeito, que interrompeu seu pronunciamento. A jovem precisou ser contida.
Alguns vereadores e apoiadores de RC vaiaram a atitude de Sofia. “Ele (RC) falou que o gabinete dele está aberto ao diálogo, mas ele nunca recebe os movimentos sociais”, explicou depois a estudante, dizendo que este foi o estopim para sua reação exaltada. A estudante disse ainda que estava pedindo a regulamentação do Parque do Cocó, a paralisação da construção dos viadutos e a aprovação do plebiscito sobre o Acquário Ceará, entre outras demandas.
Bastidores
Ao deixar a Câmara Municipal, o secretário de Educação, Ivo Gomes (PSB) mandou beijos e deu “tchauzinhos” para o grupo de manifestantes, além de erguer os braços como se estivesse vibrando. Os jovens retribuíram com vaias. O secretário se recusou a dar entrevistas.
No momento em que Roberto Cláudio concedia entrevista a jornalistas, o vereador João Alfredo interrompeu dizendo que o prefeito deveria reavaliar a obra. Ele citou que, recentemente, na Turquia, o projeto de construção de um shopping foi modificado após mobilização da sociedade.
O vereador entregou a RC e ao procurador-geral do Município, José Leite Jucá, um ofício assinado por ele próprio e pela vereadora Toinha Rocha, argumentando que a obra no Cocó é ilegal. Isso porque, segundo disse, a intervenção viola o Plano Diretor aprovado em 2009 (mas ainda não regulamentado).
Durante discussão devido às manifestações, os vereadores Toinha Rocha e Márcio Cruz (PR) quase chegaram a trocar agressões do lado de fora do plenário e precisaram ser contidos.
Durante a reunião com os manifestantes, RC voltou a pedir para que o grupo acampado no Cocó deixe o local. “Pela quarta vez estou apelando para que vocês saiam”, disse o prefeito. Antes, questionado se poderá haver conflito, ele respondeu: “Espero que não”.
SERVIÇO
Retorno das sessões ordinárias na Câmara
Quando: terça-feira
Horário: 9 horas
Onde: rua Dr. Thompson Bulcão, 830 - Patriolino Ribeiro
Informações: cmfor.ce.gov.br
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